sábado, 21 de agosto de 2010

Amiga


A solidão me faz bem. Ou até nem faça, mas não me incomodo com sua presença e, por vezes, sinto que convivemos agradavelmente. Talvez ela me obrigue a ver a realidade um pouco mais de perto, me faz enxergar além e compreender que, no fim, não há ninguém. Mas eu não me importo. No final, ela sempre aparece. E nem adianta se iludir, que não é só pra mim.
O que pode me incomodar, na verdade, é a inveja. Ela sempre se mostra quando, de repente, nos deparamos com alguém que não conhece a solidão. E o pior, essas pessoas podem até conhecê-la, mas fingem tão bem, que acabo por acreditar que não conhecem. Essas pessoas têm amigos. Amigos são bons porque é uma dependência mútua, que não desgasta e não precisa acabar. A menos quando uma das partes comete o erro de trocar sua amizade certa por algo estranho inominado incerto.
Caso isso ocorra, é inevitável conhecer a minha amiga Solidão.
Pode parecer confuso no começo, mas não é. Na realidade, é! Você não conhecerá nossa amiga apenas nessa hipótese, há diversas outras e eu nem sei se foi assim que a conheci ou se ela já me acompanha de outras primaveras. O que acontece é que o tempo passa, as coisas mudam, novos aprendizados chegam.. e novos erros também. Mas minha amiga está sempre presente, e não me faz assim tão mal (ou eu simplesmente já me acostumei). Enfim, a Solidão me faz bem.

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