segunda-feira, 30 de agosto de 2010

somewhere


É melhor um lugar que seja fácil viver
Onde não haja responsabilidades
Ser adolescente eternamente
Não ter medo da verdade

Não precisar temer
e não ter como errar
Um lugar que ser feliz
Seja fácil como respirar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Living


Sempre achei um absurdo o fato das maiores taxas de suicídios serem dos países mais desenvolvidos, com impecável qualidade de vida, cujos jovens têm garantia de um futuro de sucesso ou, pelo menos, respeitável. Dizem que a certeza de tudo, o óbvio, a falta de obstáculos, a mesmice e as vidas basicamente iguais ao redor tiram os jovens (nem sempre tão jovens) do seu juízo perfeito.
É revoltante, quando olho de minha perspectiva e, pior, da perspectiva - suposta e desconhecida - de tanta gente que mal consegue sobreviver, diante das desgraças das quais são vítimas.
Por outro lado, pego-me a refletir acerca daquilo que nos move. E, não há escapatória, é a nossa fé e nossos objetivos. Mesmo quando não os buscamos ou, inclusive, quando sequer são possíveis. São eles que nos movem.
É a vontade de crescer na vida, de ser alguém melhor, de fazer o melhor para outrem, de conquistar algo ou alguém. Ainda que não seja para nós mesmos. Como alguns pais, cujo único motivo para manter-lhes na luta é a vontade de dar algo melhor pra o filho, na esperança de que ele tenha uma vida diferente. É a fé de que tudo vai - aliás, de que tudo TEM QUE - dar certo.
Quando esse sentimento cessa dentro do ser humano, realmente deve ser complicado manter-se são e conviver com seu próprio vazio interior. Aceitar que a razão de sua existência, sua razão de ser, é simplesmente... nada. Todos nós precisamos de um motor, de uma corrente d'agua que movimente nosso moinho, de uma roda que nos tire do mesmo lugar; mas o nada, bem, o nada é tão insignificante ao ponto de ser melhor implorar-se por "um pouco" ao invés de nada.
É claro que isso ainda não me faz compreender e perdoar os suicidas supramencionados, mas é um ponto de partida.

sábado, 21 de agosto de 2010

Amiga


A solidão me faz bem. Ou até nem faça, mas não me incomodo com sua presença e, por vezes, sinto que convivemos agradavelmente. Talvez ela me obrigue a ver a realidade um pouco mais de perto, me faz enxergar além e compreender que, no fim, não há ninguém. Mas eu não me importo. No final, ela sempre aparece. E nem adianta se iludir, que não é só pra mim.
O que pode me incomodar, na verdade, é a inveja. Ela sempre se mostra quando, de repente, nos deparamos com alguém que não conhece a solidão. E o pior, essas pessoas podem até conhecê-la, mas fingem tão bem, que acabo por acreditar que não conhecem. Essas pessoas têm amigos. Amigos são bons porque é uma dependência mútua, que não desgasta e não precisa acabar. A menos quando uma das partes comete o erro de trocar sua amizade certa por algo estranho inominado incerto.
Caso isso ocorra, é inevitável conhecer a minha amiga Solidão.
Pode parecer confuso no começo, mas não é. Na realidade, é! Você não conhecerá nossa amiga apenas nessa hipótese, há diversas outras e eu nem sei se foi assim que a conheci ou se ela já me acompanha de outras primaveras. O que acontece é que o tempo passa, as coisas mudam, novos aprendizados chegam.. e novos erros também. Mas minha amiga está sempre presente, e não me faz assim tão mal (ou eu simplesmente já me acostumei). Enfim, a Solidão me faz bem.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tempo

Passa tempo, passa hora
passa tempo bem ligeiro
mas não leva o que eu amo embora
passa, mas pára ao ouvir meu anseio

Passa quando tens que passar
levando embora toda angústia
nenhuma lembrança precisa ficar
mas fica, quando for boa a nostalgia

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Faith

"(...) As pessoas parecem achar que ter fé é um ato de submissão, de gente que não tem capacidade crítica. Falam de fé como se fosse uma doença, típica dos menos estudados.
Olha, eu não quero defender religião. Mas fé... fé é a coisa mais bonita que existe. É muito fácil não acreditar em nada. Não exige esforço nenhum não acreditar em nada. Ter fé sim, exige muito, muito, muito esforço. Fé é a certeza daquilo que não vemos. Imagina o esforço que é preciso para continuar acreditando apesar das pessoas subestimarem, de você mesmo por vezes duvidar, das circunstâncias irem de encontro.
Não acreditar sim, não exige nenhuma abdicação pessoal. É um ato para os mais fracos. Crer, sim, é uma tarefa árdua.
Por isso não entendo quando dizem que as pessoas que têm fé são cegas. Não, pelo contrário. Acredito que vemos até demais. Vemos aquilo que os outros não vêem (ou se recusam a enxergar), e talvez esteja justamente aí o problema. (...)"

Por Bruna Dourado, disponível em http://www.youcantedit.blogspot.com

Roda Gigante

E a vida sempre se repete
Basta observar
Somos todos marionetes
Objetos, criações do luar.

Quem sabe não somos experimentos
Alguém maior nos testa
E atesta
Que somos os mesmos
diante do descontentamento

E ainda diante da alegria
Nossa reação não inova
Essa alegria que a todos contagia
Não é uma nova proposta

No fim, no meio,
Antes, durante ou depois
Encontras um espelho humano
E, de repente, há dois.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

...

Como se chega ao fim?
Quando se morre
ou enquanto ainda se existe
E se faz morrer?



Começo

Como começar algo
Sem pensar se que irá terminar
Ou o erro seria justamente achar
Que nada nos abalará?

E, se abalar,
Como saber se prosseguir,
Se todos dizem que o erro
é aquele que, sabendo que não mais dá,
Insiste em continuar?

E quando bate o desespero
O que fazer?
Abandonar, largar, parar, não mais voltar, jogar tudo pro ar
ou se controlar
Emprego ou desapego?

Na realidade, nem todos sabem
Que o melhor é não pensar.
Leva-te enquanto durarem
Os sentimentos que não têm nome
E que nos fazem dançar.