domingo, 1 de julho de 2012

Tão bom morrer de amor...

...e continuar vivendo.
(Mário Quintana)


Não quero um amor morno, aquele constante. A segurança é bom para alguns, mas não me atrai. Não quero os dias passando e você ao lado por costume ou comodidade. Quero sentir cada dia com o calor da sua presença ardendo, queimando.
Quero ficar tonta ao te ver, perder um dia inteiro por não conseguir desviar o pensamento de nós dois. Quero repassar mentalmente nossos momentos juntos e quase sentir o coração doer de tanta felicidade, sem falar da saudade. Falando sobre pensamento, quero que o invada sem pedir, principalmente quando não convir. Quero repassar uma conversa dez vezes na cabeça e fazer tudo errado ao falar cara a cara, gaguejar e não querer saber de nada, além de te admirar. 
Quero ser tua agonia, o medo e a insegurança. Quero explodir de tanto amor. Achar que o mundo vai acabar quando você me deixar. Depois me recupero e acho que não quero você de volta, até  o dia que você volta e eu descubro que, na verdade, nunca foi.
Quero correr o risco de não me importar com nada, além de você. Quero me iludir, achando que você é tudo o que vale a pena e esquecer se em algum momento já existiu vida sem você. Quero ser teu problema, ser dúvida. Ser, também, a certeza e o único remédio pra tudo. Quero ser o limite do amor, que chega perto do ódio, da raiva por querer tanto, por amar tanto. Quero morrer de amor, pra continuarmos vivendo.  

sexta-feira, 29 de junho de 2012

going on




- Você ainda a ama?
- Claro que não!
- Ah, ama sim, está estampado na sua cara, você não está tá vendo?
- Não é amor. É a lembrança de como tudo era simples, a sensação das coisas acontecerem naturalmente e, ainda assim, tudo estar exatamente como deveria. Uma vontade louca de se sentir daquela mesma forma, sentir o mesmo gosto. Eu me esforço demais para não esquecer, mas, você sabe, a vida continua...
- Sei.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

De longe



Nossa, olha aquela moça que pela rua caminha
Parece tão feliz e realizada, mesmo sozinha

Tão independente e consigo resolvida
Simpática, não é carente, é bem vivida

Lembra aquelas personagens da ficção
Foge de dramas, mas com uma pitada de emoção

Pena que quem vê de longe só sonha,
Pois, na verdade, é tudo impressão

As pessoas são perfeitas, interessantes,
Invejáveis, legais e excitantes,
Quando vistas superficialmente, à distância
com uma margem mínima de segurança

É na convivência, no viver lado a lado
Que descobrimos tudo que há de errado

Havia uma proteção como uma cortina
E apenas por trás da neblina
Vemos a moça parecida com gente da realidade
Nosso tipo, com defeitos de verdade

E um alô, então, pro Millôr
Que resumiu tudo com a simplicidade que só ele tem:
"Como são interessantes
As pessoas que não conhecemos bem".

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Explode




Já se passou mais um dia
Como ontem, nada se acrescentou
Tudo igual, na mesma monotonia
O que impressiona é apenas a apatia

Não fala, pensa, reclama ou cria
Parece implorar por um guia

Enlouqueça, bagunce todo o mundo
Explode toda a energia latente
E deixa pra limpar a sujeira contente

Tanta submissão é tão mais imundo


segunda-feira, 23 de abril de 2012

De volta



Nem sei dizer o quanto se passou
Não senti as mudanças do tempo
Sequer sei o que restou
Ou se tudo se esvaiu ao relento

Parece-me tudo como antes
As cores, ideias e indagações
Eram pra ser questões mutantes
Mas continuo tão errante

Talvez seja tudo ilusão
E eu nem saiba mais fazer
O que fazia de costume
Prefiro arriscar e descobrir a questão

E, por sinal, não lembro o que é ilusão
Há muito me indago se algo é real
Por isso voltei pela contramão

Melhor errado do que pausado
Porque parado nunca é o ideal.


Ps: Enferrujada!