quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Living


Sempre achei um absurdo o fato das maiores taxas de suicídios serem dos países mais desenvolvidos, com impecável qualidade de vida, cujos jovens têm garantia de um futuro de sucesso ou, pelo menos, respeitável. Dizem que a certeza de tudo, o óbvio, a falta de obstáculos, a mesmice e as vidas basicamente iguais ao redor tiram os jovens (nem sempre tão jovens) do seu juízo perfeito.
É revoltante, quando olho de minha perspectiva e, pior, da perspectiva - suposta e desconhecida - de tanta gente que mal consegue sobreviver, diante das desgraças das quais são vítimas.
Por outro lado, pego-me a refletir acerca daquilo que nos move. E, não há escapatória, é a nossa fé e nossos objetivos. Mesmo quando não os buscamos ou, inclusive, quando sequer são possíveis. São eles que nos movem.
É a vontade de crescer na vida, de ser alguém melhor, de fazer o melhor para outrem, de conquistar algo ou alguém. Ainda que não seja para nós mesmos. Como alguns pais, cujo único motivo para manter-lhes na luta é a vontade de dar algo melhor pra o filho, na esperança de que ele tenha uma vida diferente. É a fé de que tudo vai - aliás, de que tudo TEM QUE - dar certo.
Quando esse sentimento cessa dentro do ser humano, realmente deve ser complicado manter-se são e conviver com seu próprio vazio interior. Aceitar que a razão de sua existência, sua razão de ser, é simplesmente... nada. Todos nós precisamos de um motor, de uma corrente d'agua que movimente nosso moinho, de uma roda que nos tire do mesmo lugar; mas o nada, bem, o nada é tão insignificante ao ponto de ser melhor implorar-se por "um pouco" ao invés de nada.
É claro que isso ainda não me faz compreender e perdoar os suicidas supramencionados, mas é um ponto de partida.

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